Na Escola Bíblica Dominical (EBD) de antigamente havia a chamada dos alunos matriculados na classe, e todos tínhamos de recitar algum versículo bíblico, em vez de dizer “presente!”. A maioria citava “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” A primeira parte do versículo – o Senhor é o meu pastor – teve seu sentido ampliado à medida que a revelação bíblica foi sendo dada. Analisemos essa frase:

O Senhor a quem Davi se refere é o Deus de Israel, criador de todas as coisas, pactuado com Abraão e seus descendentes, e o Deus a quem Davi serve. Ainda que Davi e outros salmistas tenham se referido ao Ungido de Deus nos seus salmos, jamais imaginaram que Deus lhes anunciava seu Filho Unigênito, de mesma essência e atributos, elevado pelo Pai à condição de Senhor (Fp 2.9-11), mediante a obra da cruz e a ressurreição. Igualmente, Davi e outros salmistas se referiram ao Espírito do Senhor, e jamais imaginaram o Espírito como a terceira pessoa da triunidade divina, de mesma essência e atributos, estabelecido como mestre, guia, consolador, doador de dons e aquele que vive nos corações dos salvos, os quais lhe devem sujeição e obediência como Senhor de suas vidas (2Co 3.17).

Na sequência, Davi afirma que o Senhor é o seu Pastor, uma figura muito conhecida do salmista, já que ele próprio havia sido pastor de ovelhas. Em sua visão, Deus é o cuidadoso pastor de Israel, que conduz, sustenta, disciplina e protege seu povo. A revelação se amplia no Novo Testamento, pois Jesus Cristo se apresenta como o “bom Pastor”, que dá sua vida pelas ovelhas e as conhece (Jo 10.11,14). Ele convida aos cansados e sobrecarregados a virem a ele (Mt 11.28) e lhes dá vida em abundância (Jo 10.10). A revelação se amplia ainda mais, pois o Espírito Santo é apresentado como quem convence o mundo (Jo 16.8), converte os pecadores (Jo 3.5), sela os salvos (Ef 1.13), ensina e faz lembrar dos ensinamentos de Jesus (Jo 14.26), dá testemunho de Jesus (Jo 15.26), derrama seu fruto (Gl 5.22,23), concede dons para edificação (1Co 12.7-11), como marcas de seu pastoreio.

Portanto, podemos olhar para esta frase de Davi e compreender, hoje, que o Senhor de nossas vidas é, simultânea e integralmente, o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo. O Deus trino nos pastoreia. O Senhor, o Deus trino, é o nosso Pastor!

Ainda temos de nos deter no verbo utilizado por Davi: “O Senhor é o meu pastor”. Davi afirma sua relação de comunhão e dependência de Deus. O Senhor é seu guia, sustentador, disciplinador e resgatador.

Pois bem, diante da revelação que a Bíblia nos dá, temos de nos perguntar como está nossa relação com o Senhor. Se o Deus trino já foi nosso Pastor e não nos reportamos mais a Ele, devemos nos arrepender imediatamente e nos volvermos para Deus (Is 55.7). Se estamos pensando que, em dia futuro, Ele será o nosso Pastor, mas não hoje, o dia certo para crer nele é hoje, porque não somos donos do amanhã (Is 55.6).

Por: Rev. Wilson do Amaral Filho

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